terça-feira, 27 de dezembro de 2011

O Poligrota

É verdade matemática que ninguém pódi negá,

que essa história de gramática só serve pra atrapaiá.

Inda vem língua estrangêra ajudá a compricá.

Mió nóis cabá cum isso pra todos podê falá.



Na Ingraterra ouví dizê que um pé de sapato é xu.

Desde logo já se vê, dois pé deve sê xuxu.

Xuxu pra nóis é um legume que cresce sorto no mato.

Os ingrêis lá que se arrume, mas nóis num come sapato.



Na Itália diz até, eu não sei por que razão,

que como mantêga é burro, se passa burro no pão.

Desse jeito pra mim chega, sarve a vida no sertão,

onde mantêga é mantêga, burro é burro e pão é pão.



Na Argentina, veja ocêis, um saco é um paletó.

Se o gringo toma chuva tem que pô o saco no sór.

E se acaso o dito encóie, a muié diz o pió:

''Teu saco ficô piqueno, vê se arranja ôtro maió!'



Na América corpo é bódi. Veja que bódi vai dá.

Conheci uma americana, doida pro bódi emprestá.

Fiquei meio atrapaiado e disse pra me escapá:

Ói, moça, eu não sou cabra, chega seu bódi pra lá!



Na Alemanha tudo é bundes. Bundesliga, bundesbão.

Muita bundes só confunde, disnorteia o coração.

Alemão qué inventá o que Deus criou primêro.

É pecado espaiá o que tem lugar certêro.



No Chile cueca é dança, de balançá e rodá.

Lá se dança e baila cueca inté a noite acabá.

Mas se um dia um chileno, vié pro Brasir dançá,

que tente mostrá a cueca pra vê onde vai pará.



Uma gravata isquisita um certo francês me deu.

Perguntei, onde se bota? E o danado respondeu.

Eu sou home confirmado, acho que num entendeu,

Seu francês mar educado, bota a gravata no seu!



Pra terminar eu confirmo, tem que se tê posição.

Ô nóis fala a nossa língua, ô num fala nada não.

O que num pode é um povo, fazê papér de idiota,

dizendo tudo que é novo só pra falá poligrota.



(Autor desconhecido)

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